O projeto do espaço moderno

O objetivo da pesquisa é a análise e a interpretação dos processos de construção do espaço e da superfície moderna nas artes plásticas e na arquitetura. No campo da pintura, a principal característica que difere a arte moderna da arte acadêmica é a sua disposição à desmontagem da representação pretensamente realista do espaço. O estilhaçamento e a compressão do espaço perspectivo em camadas sobrepostas por parte do cubismo é uma tentativa de aproximar o então espaço ilusionista (a “janela”) para o plano do espaço real, a tela. Obras como as de Piet Mondrian, Jackson Pollock, Barnett Newman, Lygia Clark tensionam não somente a compressão do espaço pictórico como desviam o foco da percepção do observador para fora do centro da tela, local tradicional para onde o espaço perspectivo converge. Contudo, se a arte moderna trouxe o espaço pictórico da “janela ilusionista”, ou seja, de dentro da tela para a superfície da própria tela, toda e qualquer ação pictórica sobre ela, em tese, ainda configuraria uma relação entre uma figura e um fundo, intuindo assim a presença, mesmo que subliminar, desse espaço ilusionista, dessa profundidade para “dentro” da tela. Mas seria possível afinal realizar uma intervenção sobre a tela e mesmo assim não configurar uma relação entre uma figura e seu respectivo fundo? Serão justamente essas experiências que visam a negação dessa relação que a presente pesquisa pretende investigar. A busca por uma percepção integral, alternativa à contemplação passiva, é reconhecível também nos campos da escultura, da arquitetura e consequentemente do urbanismo.